05 maio 2024

O custo total dos bens e serviços produzidos na era da 4ª Revolução Industrial

Nas fases anteriores da evolução da Humanidade os custos do desfrute dos bens e serviços (atualmente designados na gíria económica como custos de propriedade )  eram considerados como sendo apenas os custos de aquisição (custos de produção mais custos de armazenamento, mais custos de comercialização) e custos de manutenção durante a vida útil. Estes custos eram pagos na aquisição pela totalidade, no caso do custo de compra e eram pagos parcelarmente, durante a vida útil do bem ou serviço, no caso da ⁿmanutenção."
Atualmente, perante os efeitos que todos os povos sentem da temível herança de poluição e destruição ambiental que nos foi legada pelo sec. XX e a qual estámos a aumentar neste 1° quarto do séc XXI, já se incorporam nos custos  presentes (custos de aquisição e manutenção) também parte dos custos futuros da remoção da pegada, reciclagem e reconstrução da estabilidade ambiental.
O que se está a verificar é que as "taxas eco" termo autónomo na fatura que o consumidor paga, em muitos casos são insuficientes para custear a realização dos fins a que se propõem. Isto acontece porque são manifestamente sub-estimados os custos da remoção e reciclagem e, ainda, em muitos casos, não são considerados os custos da reconstrução da estabilidade ambiental.
Por exemplo: os custos da reconstrução da estabilidade ambiental, derivada do consumo de combustíveis fósseis, é uma soma gigantesca, cujo pagamento a nível das capacidades de produção atual da humanidade, consumirá o esforço das gerações de vários séculos e, apenas, se estas passarem a levar um estilo de vida frugal, extremamente regrado, não acrescentando mais poluição àquela que já existe e, além disso, planearem com muito cuidado o seu número, para que a sua permanência no planeta terra, não altere as condições ambientais de suporte à vida, como se tem feito até agora. Segundo os autores do livro One Earth4All, a Humanidade está a consumir recursos como se a superficie do nosso planeta fosse 20% maior.
A Humanidade para se desenvolver ao mesmo ritmo que se desenvolveu nos sec. IXX e sec. XX precisa de dispor de energia transformável a uma taxa no mínimo equivalente ao triplo do consumo anual da atualidade (dados de 2011). Ora, os recursos energéticos atuais têm sido maioritariamente suportados pelos combustíveis fósseis, (gás, petróleo e carvão) cujos custos de remoção dos lixos e da compensação dos seus efeitos ambientais, são mais de 10 vezes os custos atuais de comercialização ( cerca de 90 USD barril de petróleo). Isto significa que não estão a ser considerados estes custos e a energia que estamos a consumir, está a ser paga pela geração atual a cerca de 10% daquilo que deveria ser. Porém , alguém vai ter de pagar esses custos e os pagantes serão as gerações que atingirão a maioridade a partir desta data (2024) até pelo menos mais 70 anos, se, entretanto, não tivermos despoletado consequências ambientais ,fatais para a vida na terra tal como a conhecemos atualmente.
O desenvolvimento da consciência ambiental na população do sec XXI, em particular nas suas camadas jovens, não consegue muito mais do que trazer à luz do dia o problema dos enormes custos, determinados pelo o atual modo de vida em sociedade. Custos esses, constantemente escamoteados pela classe política e por uma maioria da classe capitalista. O seu pagamento foi propositadamente adiado e propositadamente transposto para asfuturas gerações  da Humanidade e dos outros seres vivos.
Contudo, os efeitos da destruição ambiental, das alterações climáticas e a perda da biodiversidade começam a ser tão catastróficos (aquecimento global, fenomenos climáticos extemporâneos  extremos, desastres em centrais  atómicas, etc.), que começa a ser difícil à classe política esconder a fatura.
As gerações presentes, desde os adolescentes até aos reformados idosos, têm de tomar consciência que o usufruto dos bens e serviços da sua comodidade não têm apenas os custos de aquisição e manutenção têm também os custos da reconstrução da estabilidade ambiental ( reciclagem e outros) e que para esses custos serem comportáveis para todos: gerações presentes e futuras, temos de basear o nosso modo de estar no mundo em três erres : Reduzir, Reutilizar, Reciclar. Temos de mudar o atual modo de produção capitalista que por definição é uma economia não planificada, de sistema aberto, de pressupostas fontes de energia e matérias primas inesgotáveis e ilimitada capacidade de absorção de detritos, para um modo de produção com uma economia de sistema fechado - a economia circular, que, pela sua natureza de economia fechada, tem de ser uma economia muito bem planficada ao nível do consumo, tanto em quantidades, como em tipos permitidos de consumíveis.
Contudo ao nível da produção e distribuição, pode ser uma economia de mercado concorrencial com um mínimo de regulaçao.
O tempo das coisas descartáveis, do consumo sem regra e da elevação do dinheiro ao estatuto de deus, tem os seus dias contados. Esperemos que não seja já demasiado tarde...

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